sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Programa Cinema e Som - Glauber Rocha


O baiano Glauber Rocha, nascido em Vitória da Conquista em 1939 e morto aos 42 anos, em 1981, no Rio de Janeiro, foi um dos mais marcantes cineastas brasileiros. Quando jovem, atuou em peças na escola, participou do movimento estudantil e aos 14 já realizava um programa diário sobre cinema em uma rádio de Salvador. Estudou Direito, mas abandonou a faculdade para se dedicar ao campo do jornalismo com foco no cinema.

Estreou seu primeiro longa, Barravento, com pouco mais de 20 anos, em 1962, depois de realizar diferentes curtas metragens. O trabalho abriu caminho para produções que se tornariam marcos do Cinema Novo no Brasil, movimento que representava uma nova forma de se fazer cinema, como retrato da realidade com fortes críticas sociais. Com Deus e o Diabo na Terra do Sol, em 1964, indicado a Palma de Ouro em Cannes, Glauber Rocha abordou o sertão nordestino, com suas fragilidades, cultura e crenças. 3 anos após, com Terra em Transe, no cenário da fictícia Eldorado, Glauber Rocha mostrou novamente a condição social brasileira. Desta vez um retrato da política através de situações como o populismo, o autoritarismo e a militância. Com o filme, Glauber Rocha alcançou a segunda indicação a Palma de Ouro, além de vencer o prêmio do Festival Internacional de Críticos de Cinema e o Festival de Locarno, na Suíça.

Finalmente, com O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, em 1969, Glauber Rocha conquistou o prêmio de melhor direção em Cannes. Neste, o personagem Antônio das Mortes, matador de aluguel presente em Deus e o Diabo na Terra do Sol, deveria combater um novo líder do cangaço. O filme valeu uma terceira indicação como melhor produção em Cannes.

Glauber Rocha ainda realizou outros longas como O Leão de Sete Cabeças, em 1970, Câncer, em 1972, e A Idade da Terra, em 1979, último trabalho do cineasta, baseado em poema de Castro Alves. Dentre os diversos curtas realizados, destaque para Maranhão 66, sobre a posse do então governador eleito do Estado, José Sarney, intercalado a imagens de mazelas da população maranhense, e Di Cavalcanti, de 77, documentário sobre o pintor, ilustrista e caricaturista falecido um ano antes. O filme venceu o Prêmio do Júri como melhor curta no Festival de Cannes, além de também indicado a Palma de Ouro.

Fosse gênio ou louco, considerado subversivo pela política conservadora, e tendo sido exilado em Cuba e na Europa durante muitos anos do regime militar, o que se sabe é que Glauber Rocha inovou a história do cinema e com sua criatividade e senso crítico marcou a arte não só no Brasil, mas em diferentes partes do mundo.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)

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