sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Programa Cinema e Som - Tim Burton

Cineasta norte americano Tim Burton, nascido na Califórnia em 1958. Conhecido pelo estilo gótico, estórias fantásticas e nada convencionais, repletas de cores ou de um preto e branco sombrio, e por seus personagens estranhos, seja na comédia, no drama, ou no terror, com pés na realidade e na ficção, como em Edward mãos de Tesoura, Alice no país das maravilhas e A Lenda do Cavalheiro Sem Cabeça.

Tim Burton iniciou sua arte ainda criança, através de desenhos. Estudou no Instituto de Arte da Califórnia e trabalhou como animador da Disney. Alguns de seus primeiros trabalhos foram as animações O Cão e a Raposa, em 1981; os curtas de 1982, Vincent sobre um garoto que queria ser como o ator Vincent Price, astro de filmes de terror e ídolo de Burton; e Frankweenie, ficção considerada imprópria para crianças sobre um menino que ressuscita o próprio cão. Com o talento já reconhecido, foi convidado para dirigir seu primeiro longa: a comédia As grandes aventuras de Pee-wee, em 1985.

Três anos depois, o cineasta dirigiu outro do mesmo gênero, Os fantasmas se divertem. Em 89, com produção da Warner Bros, Tim Burton dirigiu aquele que seria o primeiro de uma série de filmes sobre o famoso personagem dos quadrinhos: Batman, com Michael Keaton e Jack Nicholson. A continuação do filme viria 3 anos depois com Batman - O Retorno. Em 1990, Edward, Mãos de Tesoura, com estória e direção de Burton, refletiu o lado mais criativo do cineasta. Em sua primeira parceria com o ator Johnny Depp, Burton trata da vida de um rapaz solitário e ingênuo, criado em laboratório, que tem tesouras no lugar das mãos. Ao ser descoberto pela vizinhança e apaixonar-se por uma garota, sofre as dificuldades de ser tão diferente.

Em 1993 Burton produziu O Estranho Mundo de Jack e novamente com Johnny Depp, em 1994, dirigiu Ed Wood, baseado na vida do pior diretor de cinema de todos os tempos! O filme venceu o Oscar de maquiagem e ator para Marthy Landau, além de ser indicado ao prêmio de direção em Cannes. Com Marte Ataca! em 96, uma comédia sobre excêntricos marcianos que invadem a Terra, Burton dirigiu atores como Glenn Close, Jack Nicholson e Pierce Brosnan.

Com Johnny Depp, o cineasta trabalharia em mais cinco filmes: o terror A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, de 1999; o remake de um clássico dos anos 70, A Fantástica Fábrica de Chocolate, de 2005, indicado a melhor filme pelo BAFTA; a animação A Noiva Cadáver, também de 2005, indicada ao Oscar de melhor animação; o sangrento suspense musical Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, em 2007, melhor direção de arte no Oscar e indicado a melhor diretor no Globo de Ouro; e o mais recente Alice no País das Maravilhas de 2010, da Disney.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)





sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Programa Cinema e Som - Central do Brasil


Central do Brasil, premiada produção nacional de 1998. Com direção e estória de Walter Salles, e roteiro de Marcos Bernstein e João Emanuel Carneiro. No elenco, a protagonista Fernanda Montenegro e o garoto estreante nas telas Vinícius de Oliveira, além de Marília Pêra, Othon Bastos, Matheus Nachtergaele e Caio Junqueira, entre outros.

A emocionante estória conta sobre Dora, mulher desiludida que ganha a vida escrevendo e endereçando cartas para analfabetos que transitam pela tumultuada Estação “Central do Brasil”, no Rio de Janeiro. Dentre os muitos que utilizam seu serviço está Ana e seu filho Josué, de apenas nove anos, que sonha encontrar o pai que nunca conheceu através das cartas. Após perder a mãe em um atropelamento, o garoto Josué, abandonado, passa a ser ajudado por Dora.

Juntos, viajarão pelo interior nordestino em busca do pai desconhecido. Uma espécie de road-movie que nos apresenta a dura realidade de trabalhadores e imigrantes brasileiros com o sonho de melhorar de vida e manter os laços com aqueles que amam. Ao se conhecerem melhor, Dora e Josué se aproximam e criam fortes laços de confiança e amizade.

Central do Brasil recebeu diversas indicações e premiações dentro e fora do Brasil. Garantiu a Fernanda Montenegro a indicação ao Oscar como melhor atriz, o que a consagrou como a primeira atriz latino americana nomeada ao prêmio. O drama foi também indicado como melhor filme em língua estrangeira pela Academia, título conquistado no BAFTA e Globo de Ouro. Venceu ainda três prêmios no Festival de Berlim, um dos principais festivais europeus de cinema: Urso de Ouro, Urso de Prata para Fernanda Montenegro e prêmio do Júri Ecumênico. O roteiro original consagrou-se como o melhor da categoria no Sundance Film Festival.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Lanterna Verde


Nunca fui muito fã de filmes de fantasia, ficção científica ou sobre super heróis. Já assisti a alguns, e até muito bons, mas nunca foram meus preferidos. E mesmo reconhecendo não possuir uma boa base comparativa para perceber esse tipo de produção, ou talvez por isso mesmo, admito que Lanterna Verde foi uma agradável surpresa.

O filme trata de um grupo de guardiões intergalácticos, ou lanternas verdes, que se une pelo poder de um anel para proteger o Universo. É a ele e ao planeta Oa, refúgio dos lanternas, que somos apresentados logo no início. Muitas cores, belíssimos efeitos especiais, de maquiagem (os traços peculiares no rosto de cada um dos guardiões é magnífico) e cortes rápidos que imprimem ritmo veloz ao filme. Entendemos que os guardiões, longe de serem sujeitos simpáticos e sentimentais, assumem uma importante tarefa de manutenção do mundo e enfrentam momentos críticos na luta contra vilões que, pelo poder amarelo do medo, querem dominar o Universo. Na Terra, ainda sem um representante dos lanternas verdes, Hal Jordan, interpretado por Ryan Reynolds, é designado para assumir a missão. Um rapaz simpático, tanto quanto irresponsável, apaixonado por aviões e marcado pela morte trágica do pai durante um teste de pilotagem.

A realidade sobre-humana dos lanternas e a realidade humana de Hal se cruzam a partir da queda na Terra de um dos heróis verdes ferido pelo ataque do grande inimigo Parallax. Levado por acaso ao local do acidente, Hal recebe do agonizante Abin Sur seu anel e a tarefa de assumir a proteção da Terra junto aos outros intergalácticos. Através do anel, Hal adquire força e superpoderes de criação de qualquer objeto a partir do pensamento. Assim, junto aos humanos e aos demais guardiões, Hal Jordan descobrirá a importância e dificuldades de sua missão e assumirá a identidade de um super herói.

Do lado humano, em uma maneira inteligente de integrar o vilão sobrenatural ao mundo tangível de Hal, descobrimos a personificação do mal no cientista Doutor Hector. Contaminado pelo sangue do vilão Parallax ao examinar o corpo já sem vida do extraterreno Abin Sur, Doutor Hector adquire nova personalidade e uma fisionomia que se torna gradualmente bizarra: o cérebro avantajado, as veias sobressalentes e olhos amarelados. Em uma brilhante atuação de Peter Sargaad como o pobre cientista que se torna vilão por acaso, percebemos uma frustração e revolta oriundas de seu lado são, aliadas ao ódio e desejo de dominação inerentes a Parallax. O foco nos olhos amarelos de Hector antes de suas reações violentas tem significativo impacto visual, como na sequência do laboratório em que ele se desvencilha daqueles que tentam controlá-lo. Em suas aparições, o não propriamente vilão Doutor Hector rouba as cenas com sua figura esquisita e atitude vigorosa diante do comportado e previsível Hal Jordan. Talvez seja por isso que a aparente solução final de seu personagem tenha causado em mim estranheza e certa frustração.

Apesar da trama amarrada de forma simples entre bons e maus, derrota e superação, algumas situações que poderiam render bons frutos para a estória perdem-se ao longo da narrativa. Além da relação de Hal Jordan com seu pai e sobrinho, destacada no início do filme e esquecida posteriormente, é frágil a própria interação do espectador com o Universo dos lanternas verdes.

Torna-se clara (seria proposital?) a falta de preocupação do diretor Martin Campbell em criar uma afinidade entre nós e os habitantes do planeta OA. A apresentação quase sempre superficial do ambiente e a falta de sintonia entre os lanternas, alguns extremamente frios, caricatos e conservadores, como Sinestro, são um convite automático a restringirmos nossa torcida a Hal, e ainda assim, apenas no momento em que a Terra encontra-se em perigo, jamais antes disso. Assim, a dimensão universal da causa dos lanternas verdes perde força ao longo da estória. Não envolve... Por outro lado, os questionamentos acerca do poder da vontade diante do medo transcendem a esfera dos lanternas e alcançam os dilemas humanos. Ao se dar conta disso é que Hal Jordan enfrenta as próprias limitações e reconhece a força de sua coragem. De fato, algo imprescindível para a sobrevivência de qualquer super herói.

Por Rafaella Arruda

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Programa Cinema e Som - Audrey Hepburn

Audrey Hepburn, ícone do cinema, conhecida por sua beleza e elegância e pelos papéis como jovem divertida e delicada, quase sempre ao lado de homens mais velhos. Nascida na Bélgica, em 1929, Audrey morou também na Inglaterra, Itália, Suíça e Holanda, onde viveu momentos difíceis ainda criança, ao lado da mãe, durante ocupação nazista na 2ª Guerra Mundial. Antes de estrear nas telas, estudou ballet, foi corista e modelo fotográfica.

Participou de pequenos filmes na Inglaterra antes de mudar-se para os Estados Unidos, quando interpretou a personagem Gigi, em peça homônima da Broadway. Seu primeiro filme norte americano foi A Princesa e o Plebeu, de 1953. Logo na estreia, como a Princesa Ann, Audrey encantou o público e conquistou o Oscar, Globo de Ouro e BAFTA como melhor atriz. Um ano depois, pela atuação na comédia romântica Sabrina, com direção de Billy Wilder, Audrey recebeu nova indicação ao Oscar como melhor atriz.

Esteve ainda em Guerra e Paz, de 1956, épico baseado na obra homônima de Tolstói, no musical Cinderela em Paris, de 1957, onde atuou com Fred Astaire, e também em outra comédia romântica de Billy Wilder, Amor na Tarde. Nos anos seguintes, Audrey Hepburn viveu outros dois importantes papéis que lhe valeram indicação à academia. No drama Uma Cruz a Beira do Abismo, de 1959, foi a jovem Irmã Gabrielle, e na comédia romântica Bonequinha de Luxo, em 1961, interpretou a prostituta de luxo Holly Golightly, um dos principais personagens de sua carreira.

Ainda na lista de sucessos, a comédia romântica Quando Paris Alucina, de 1964, onde viveu a divertida datilógrafa Gabrielle Simpson; My Fair Lady, também de 64, em que foi uma humilde vendedora de flores; e Um Clarão nas Trevas, de 1967, suspense que valeu a Audrey mais uma indicação ao Oscar por seu papel como uma mulher cega perseguida por bandidos.

Após afastar-se das telas por quase 10 anos, Audrey retornou em 1976 com Robin e Marian, atuando ao lado de Sean Connery e trabalhou também no suspense A Herdeira, em 79, baseado na obra de Sidney Sheldon. Em sua última aparição no cinema, em 1989, fez uma participação especial no drama Além da eternidade.

Audrey Hepburn tornou-se embaixatriz da UNICEF no ano de 1987. Realizou missões internacionais pela instituição e promoveu eventos pelas crianças na África e América Latina. Papel que assumiu até sua morte, em 1993, devido a um câncer de apêndice. Além dos prêmios já citados, Audrey recebeu outras oito indicações pelo Globo de Ouro; por papéis dramáticos, em comédia e musicais. Ganhou em 1990 o prêmio Cecil B. De Mille, pelo conjunto da obra e o Oscar póstumo em 1993, pelo trabalho na UNICEF.


Por Rafaella Arruda
(Programa Cinema e Som - ELOFM)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Programa Cinema e Som - Apocalypse Now


Clássico norte-americano de 1979 com direção e produção de Francis Ford Coppola: Apocalypse Now, um retrato da Guerra do Vietnã, com todos os seus extremos. No filme, o conflito que durou cerca de 15 anos serve de cenário para uma perigosa missão secreta envolvendo o veterano do exército americano Capitão Willard, vivido por Martin Sheen.

Willard é designado pelo alto escalão das forças militares a partir para o Camboja em um barco patrulha, na companhia de mais quatro soldados. Lá chegando, deve encontrar e matar o ex-oficial das forças especiais americanas, Coronel Walter Kurtz. Kurtz, personagem de Marlon Brando, é considerado um militar renegado, rebelde e insano que passou a viver no interior de uma tribo no país asiático e a liderar os nativos como um verdadeiro Deus, incentivando adoração e rituais de morte.

Enquanto sobe o rio em direção ao Camboja e examina inúmeros documentos a respeito de Kurtz, Willard e seus soldados presenciam e enfrentam os horrores da guerra. Conhecem o destemido Coronel Bill Killgore, interpretado por Robert Duvall, e seus cruéis métodos de guerra. É dele a ordem para o bombardeio aéreo de napalm em uma aldeia de vietconges. Em uma cena de arrepiar, embalada pela ópera Cavalgada das Valquírias, que ouvimos ao fundo, presenciamos a tentativa de fuga e morte de dezenas de nativos sob o ataque da substância mortal acompanhada da emblemática frase do Coronel: “Adoro o cheiro de napalm pela manhã. Tem cheiro de vitória."

Willard acompanha ainda a perda de sanidade de um dos companheiro e a morte de tantos outros. Assim, vivencia os absurdos da guerra muito antes de alcançar o alvo, o que talvez possa lhe garantir a força e coragem necessárias para cumprir a tão temida e aguardada missão.

Com roteiro de Coppola e John Millus, baseado no romance Heart of Darkness de Joseph Conrad, Apocalypse Now acumula premiações e indicações. Entre as mais aclamadas, o Oscar de melhor fotografia e som, a Palma de Ouro em Cannes, e o Globo de Ouro de melhor direção, ator coadjuvante para Robert Duvall e roteiro adaptado. Considerado pelo crítico Roger Ebert como um dos melhores filmes de guerra já realizados e escolhido pelo American Film Institute como o 30º melhor filme de todos os tempos, Apocalypse Now foi todo gravado nas Filipinas, no período de 16 meses. No ano de 2001, o filme foi lançado em uma segunda versão, com o nome Apocalypse Now Redux, e ganhou mais 60 minutos de projeção.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Homem do Futuro


Quem nunca teve vontade de fazer uma viagem ao passado e modificar algo que já aconteceu? Quem nunca sentiu saudades de um tempo em que era mais jovem, desejou reviver uma sensação boa, e percebeu que se fosse agora, poderia ter feito tudo diferente? O Homem do Futuro trata de maneira agradável e bem humorada esta relação do indivíduo com seu passado, presente e futuro. As emoções características de cada tempo e o peso de nossas decisões na definição do que somos hoje.

O filme conta a história do cientista Zero, personagem de Wagner Moura. Um homem frustrado e de poucos amigos que sofreu na juventude a maior decepção de sua vida: ter sido humilhado pela mulher amada Helena, vivida por Alinne Moraes, diante de uma multidão de colegas durante o baile de faculdade. Apesar do talento na profissão, Zero é um adulto triste que transparece na falta de vaidade e de simpatia com o mundo a revolta carregada por mais de 20 anos. Em todos os momentos de sua vida, apenas o pensamento em Helena.

Ao testar seu novo experimento, uma máquina capaz de gerar uma fonte alternativa de energia para o planeta, Zero é inesperadamente transportado para outro tempo. Em uma interessante sequência em que percebe aos poucos a diferença entre o mundo em que vive e aquele no qual se encontra, Zero compreende ter voltado ao passado. Ao invés de uma nova energia, havia criado um instrumento capaz de levá-lo onde se encontrasse sua mente. Agora, em 22 de novembro de 1991, data da humilhação que transformara para sempre sua vida, inclusive seu próprio nome, Zero terá a oportunidade de reviver o “passado”, transformá-lo e criar definitivamente um novo futuro. Aos poucos, porém, percebe que alterar um tempo já vivido não é algo tão simples. Do contrário, modificá-lo pode tornar as coisas ainda mais difíceis e confusas.

Com narrativa desenrolada de forma simples e objetiva através de fragmentos de tempo, a comédia romântica O Homem do Futuro possibilita uma fácil identificação com o espectador, seja pela temática próxima aos nossos anseios, pela simpatia que nos imprime os personagens ou mesmo pela divertida viagem ao passado. Aos jovens da geração anos 80 e 90, representa um retorno à adolescência entre roupas, música, gírias e estilo, ainda que essencialmente confinado às ocorrências de um baile de faculdade. A canção “Tempo Perdido”, sobre a valorização do presente em contraponto ao tempo passado, é inteligentemente incluída na trama. Cantada pelo casal Helena e João (antes de tornar-se Zero) em um momento chave, é repetida em diferentes contextos no desenrolar do filme, e por isso assume significados e sensações distintas. Ora como trilha de uma feliz recordação, ora como prenúncio de uma tragédia anunciada.

Em toda a miscelânea do ontem, hoje e amanhã, a brilhante presença de Wagner Moura imprime uma identificação perfeita com cada distinto momento de seu personagem. Como o tímido e romântico João, que reflete na gagueira toda a insegurança da juventude, temos a alegria e inocência diante da descoberta do amor. Duas décadas após, com o pseudônimo Zero, a expressão frustrada beirando a insanidade. E também em outro retrato do que poderia ter sido, o estereótipo do homem sem escrúpulos e bem sucedido. Em todos os caminhos, a presença de Helena a definir seu destino. É por ela que Zero corre contra o tempo, conhece mais de si mesmo e luta para desfazer um infeliz engano que ganha diferentes proporções à medida que avançamos na narrativa.

Com diálogos inteligentes, ironicamente relacionados à política, ao avanço tecnológico e a aparecimento de celebridades, o filme traz ainda interessantes efeitos especiais ligados ao funcionamento da máquina do tempo e sua capacidade de desintegrar o homem no espaço, mesmo que falhe em deixar claro o determinante deste “aparecer e desaparecer” ao longo da estória.

Finalmente, assistir a O Homem do Futuro é ter a sensação de que somos hoje exatamente o que deveríamos ser. E que sem amarras, sem medo, sem nostalgia, temos plena condição de modificar o que vem pela frente... Afinal de contas, não necessitamos de uma máquina do tempo para perceber que se as coisas são hoje tão complicadas, por vezes é por nossa falta de esforço de apenas querer torná-las mais simples.

Por Rafaella Arruda

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Programa Cinema e Som - Fernando Meirelles

Fernando Meirelles, cineasta brasileiro, nascido em São Paulo, em 1955, e reconhecido internacionalmente por filmes como Cidade de Deus, O Jardineiro Fiel e Ensaio sobre a Cegueira. Diretor, roteirista e produtor, interessou-se desde jovem pela arte de fazer filmes e aos 12 anos já possuía uma câmera de filmar de presente dado pelos pais.

Como estudante de arquitetura, Meirelles conciliou os estudos com a produção de vídeos experimentais e criou com um grupo de amigos a produtora de filmes independentes, Olhar Eletrônico, transformada na década de 1990 na atuante O2. No cinema, o primeiro longa dirigido por Fernando Meirelles foi Menino Maluquinho 2: A aventura, no ano de 1998. A comédia Domésticas, de 2001, com roteiro e direção de Meirelles, e que trata da vida de cinco domésticas da cidade de São Paulo, valeu ao cineasta duas indicações ao Grande Prêmio Brasil de Cinema, em ambas as categorias.

Mas foi em 2002, com o drama Cidade de Deus, que Fernando Meirelles conquistou reconhecimento nacional e internacional. Com roteiro de Bráulio Mantovani, baseado na obra de Paulo Lins sobre a vida de jovens e a criminalidade no Rio de Janeiro, Cidade de Deus recebeu quatro indicações ao Oscar como melhor filme, edição e roteiro, além de direção a cargo de Meirelles. Categoria conquistada pelo cineasta no prêmio Brasil de Cinema.

Ainda na carreira de Meirelles, duas importantes produções em língua estrangeira. O Jardineiro Fiel, de 2005, e Ensaio sobre a Cegueira, de 2008. No primeiro, um romance homônimo de John le Carre, Meirelles recebeu indicação ao prêmio de melhor diretor no Globo de Ouro. Ensaio sobre a cegueira, também romance homônimo, escrito pelo poeta português José Saramago em 1995, contou no elenco com importantes nomes do cinema internacional como Julianne Moore, Mark Ruffalo e Gael Garcia Bernal. O filme trata de uma epidemia de cegueira que atinge uma cidade e segundo Fernando Meirelles, é antes de tudo uma obra sobre a natureza humana e sua dificuldade de adaptação diante do inesperado. O drama foi indicado a Palma de Ouro em Cannes e abriu a edição do Festival, em 2008.

Fernando Meirelles foi ainda produtor, diretor e roteirista de Som e Fúria – O filme, de 2009, sobre as dificuldades de um pequeno grupo de teatro em adaptar uma peça de Shakespeare, e produtor de Lixo Extraordinário, de 2010. O documentário, indicado ao Oscar em 2011, acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)