quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Programa Cinema e Som - Laranja Mecânica

O clássico Laranja Mecânica, de 1971, dirigido por Stanley Kubrick, é uma adaptação do romance homônimo do escritor inglês Anthony Burgess, de 1962.

No filme, o personagem Alex, interpretado por Malcolm MacDowell, é líder de uma gangue de jovens que tem como diversão praticar a violência gratuita em uma Inglaterra futurista, mas sem época determinada. Obsceno, adepto de uma linguagem peculiar que mescla gírias e dialetos eslavos e apaixonado por música clássica, em especial Beethoven, Alex comete seus sadismos em meio a cantorias e agitação.

Numa destas investidas, após ser atacado, Alex é preso, sentenciado e submetido a um método clínico experimental conhecido como Ludovico, com a intenção de combater sua personalidade doentia e agressiva. O tratamento de choque, que tem como uma das estratégias exibir ao paciente imagens ininterruptas de sexo e violência, terá um efeito devastador na vida de Alex. Principalmente quando ele retornar às ruas e ao contato com a sociedade.

Indicado ao Oscar de melhor filme, diretor, roteiro adaptado e edição, Laranja Mecânica tornou-se uma obra prima do cinema e uma das referências do trabalho de Stanley Kubrick. O longa conquistou ainda as premiações de melhor filme e melhor direção pelo Prêmio de Críticos de Cinema de Nova York.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)




sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Programa Cinema e Som - Roman Polanski

Roman Polanski, nascido em Paris em 1933, é considerado um verdadeiro cineasta internacional por realizar filmes na Polônia, Inglaterra, França e Estados Unidos. Polanski passou a viver na Polônia aos 3 anos, pouco antes de iniciar a 2ª Guerra Mundial. Durante a invasão alemã ao país, em 39, viu os pais serem enviados a campos de concentração e aos 7 conseguiu escapar do gueto de Cracóvia, sobrevivendo em refúgios. Com o fim da guerra, reencontrou o pai, frequentou escola técnica e estudou cinema.

Os primeiros curtas realizados falavam de estranhas relações humanas com o uso de humor negro. Seu longa de estreia, o suspense A Faca na Água, de 1962, foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Após abandonar a Polônia, Polanski foi para a França e após Inglaterra. Com Repulsa ao Sexo, em 65, e Armadilha do Destino, em 66, conquistou os Ursos de Prata e Ouro no Festival de Berlim.

Em 68, já em Hollywood, realizou O Bebê de Rosemary, sobre uma jovem grávida que ao lado do marido passa a ser amedrontada por seguidores de uma estranha seita. Um ano após dirigir esse terror psicológico, Roman Polanski enfrentou uma tragédia. A esposa Sharon Tate, grávida de 8 meses, foi brutalmente assassinada por um grupo de fanáticos liderado por Charles Manson.Em 74, realizou em solo americano o premiado Chinatown, com Jack Nicholson e Faye Dunaway sobre investigação de um detetive particular envolvendo traição e assassinato. O filme recebeu 11 indicações ao Oscar, vencendo o de melhor roteiro original.

Como protagonista e diretor no suspense O Inquilino, de 76, Polanski encerrou a Trilogia do Apartamento, precedido de Repulsa ao Sexo e O Bebê de Rosemary. No ano de 77, após ser condenado nos Estados Unidos por manter relação sexual com uma jovem de 13 anos, o cineasta saiu do país para evitar a prisão e passou a viver na França.

Nos anos seguintes realizou Tess, de 79, romance adaptado dedicado à memória de sua esposa; a comédia Piratas em 86, e os suspenses A Morte e a Donzela, em 94 e O Último Portal, em 99.Em 2002, com o premiado O Pianista, Polanski reviveu a própria história ao retratar as memórias de músico polonês judeu durante invasão alemã na 2ª Guerra Mundial. O cineasta faria ainda Oliver Twist em 2005, adaptação do clássico de Charles Dickens e o suspense O Escritor Fantasma em 2010, Urso de Prata em Berlim de melhor direção.

Após ser preso na Suíça em 2009, devido ao pedido de extradição pelos Estados Unidos, Polanski finalmente conquistou a liberdade no ano seguinte. O mais recente trabalho do cineasta é o drama Deus da Carnificina, adaptação de peça teatral homônima exibida na Broadway, Europa e Brasil.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Programa Cinema e Som - Narradores de Javé


A produção nacional Narradores de Javé, de 2003, tem direção de Eliane Caffé, que também assina o roteiro ao lado de Luiz Alberto de Abreu. O drama, com muitas doses de humor, conta a saga dos moradores da pequena Javé ameaçada de ser inundada devido à construção de uma hidrelétrica. Para evitar a destruição do fictício vilarejo baiano, eles devem elaborar um documento de cunho científico sobre a grande história de seu povo que justifique a permanência da região. É assim que os moradores irão recorrer ao malandro Antônio Biá, ex-funcionário dos correios, desafeto de muitos por mentiras contadas no passado, mas único morador de Javé alfabetizado e capaz de escrever.

Biá, personagem de José Dumont, deverá ouvir o maior número possível de moradores e unir todos os registros em um só livro. Assim, serão inúmeras memórias e diferentes versões da verdade em uma divertida construção do tão desejado patrimônio histórico de Javé. No elenco, outros importantes nomes do cinema nacional como Nelson Xavier, Matheus Nachtergaele, Luci Pereira, Rui Resende e Gero Camilo.

Dentre muitas conquistas nacionais e internacionais, Narradores de Javé foi premiado nas categorias de melhor roteiro original e melhor ator coadjuvante para Gero Camilo no Grande Prêmio Cinema Brasil, melhor filme e direção no Festival do Audiovisual do Cine Pernambuco, e melhor filme independente e melhor roteiro no 30º Festival Internacional do Filme Independente de Bruxelas.

Por Rafaella Arruda
(Programa Cinema e Som - ELOFM)



terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Palhaço


A comédia dramática O Palhaço, de 2011, encanta pela simplicidade. O filme nos coloca em contato com a arte circense, mas mais do que isso, nos coloca em contato com a emoção do artista, dentro e fora dos palcos. Selton Mello, responsável pela direção e roteiro do filme, é o palhaço Pangaré, que junto com o pai, o Palhaço Puro Sangue, interpretado por Paulo José, mantém o itinerante Circo Esperança. Além destes, cerca de outros 10 artistas fazem parte da trupe onde todos fazem de tudo, desde a montagem da tenda até a iluminação dos espetáculos. Ao acompanhar as divertidas apresentações e as viagens do grupo pelas estradas de Minas Gerais, identificamos as dificuldades financeiras e os anseios por melhoras modestas, como o pedido por um sutiã novo. Ainda assim, sentimos predominar a alegria e união entre os artistas e a dedicação em fazerem o que gostam.

Pangaré, por outro lado, referência e espécie de conselheiro do grupo, mantém-se firme no palco, mas fora dele não revela alegria no olhar. Sentimento sugerido pela própria maquiagem que, propositadamente, insiste em lhe conferir uma lágrima. O humilde e bondoso palhaço angustia-se pela realização de pequenos desejos, como a emissão da carteira de identidade e a compra de um ventilador. A certidão de nascimento, único registro disponível, encontra-se velha e insuficiente nos momentos em que mais precisa. O ventilador, caro e inacessível. Ambos símbolos de algo maior para um artista que, melancólico, questiona a própria identidade, sem entender a vocação de fazer rir, e que sente o peso da responsabilidade perante o grupo, como se realmente lhe faltasse paz e tranquilidade, como se de fato lhe faltasse o ar.

Exemplos disso são as alucinações de Pangaré diante de um ventilador, imaginário ou não, e as repetidas cenas em que, sozinho na cama, enquadrado em plongé e plano fechado, parece não conseguir se acomodar, sem encontrar uma posição confortável. Mesmo nestas situações de angústia, o brilhantismo de Selton Mello confere irreverência em cada cena. Um trabalho perfeito ao mesclar adequadamente a tristeza a trejeitos incomuns, sotaques, falas arrastadas, expressões faciais quase infantis e exagero sentimental.

Neste cenário, O Palhaço mistura situações de humor e outras altamente emotivas, conduzidas por uma trilha sonora com sons que sugerem o lúdico, o campo e a natureza, além de uma fotografia predominantemente focada em cores leves e com cenas gravadas pela manhã, o que contribui para a atmosfera suave da obra. As cenas à noite acabam por revelar situações mais angustiantes e tumultuadas, como aquelas ligadas à briga e traição, mas também são o palco para a alegria dos espetáculos.

Entre figurantes, protagonistas e personagens com passagens marcantes, mas breves, as idas e vindas do Circo Esperança nos conduzem em uma agradável caminhada. No caminho da trupe, destaques como o hilário delegado vivido por Moacyr Franco, que divaga intermitentemente para demonstrar a insatisfação de estar na delegacia e não em casa cuidando do gato de estimação, além do experiente interiorano vivido por Jackson Antunes que, longe do humor, transmite belas mensagens ao grupo.

Uma destas mensagens, inclusive, será a chave para o despertar de Pangaré. Desassossegado, com uma inquietação crescente no ambiente do circo, o palhaço parte em busca do que nem mesmo ele sabe o que é, mas acredita precisar encontrar. Em um dos pontos altos do filme, quando, junto a Pangaré, nos distanciamos da trupe e dos espetáculos, entendemos a certeza que faltava ao artista: o valor de fazer o outro sorrir. Em uma belíssima cena em que, ao ouvir um piadista, compreende essa verdade e ensaia finalmente um sorriso verdadeiro, Pangaré retoma a esperança. E como no próprio circo, também reanimado pela presença de uma criança, dá lugar a uma nova vida.

Por Rafaella Arruda

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Programa Cinema e Som - Robert de Niro

Robert De Niro: um dos mais consagrados atores da história do cinema. O nova iorquino nascido em 1943 já estrelou mais de 80 filmes de diversos gêneros além de conquistar cerca de 30 premiações, entre elas Dois Oscars, Dois Globos de Ouro e quatro prêmios pela Associação de Críticos de Nova York. Robert De Niro descobriu a paixão por atuar ainda criança e aos 16 abandonou a escola para estudar interpretação no Conservatório Stella Adler. Logo depois, na célebre escola Actors Studio, através do Method Acting, De Niro refinou seu talento. Como resultado, uma carreira marcada pelo comprometimento físico e psicológico com cada papel, o que os tornou, em grande parte, memoráveis.

Como exemplo, para viver o personagem Travis Bickle, em Taxi Driver, Robert De Niro trabalhou como taxista pelas ruas de Nova York durante algumas semanas, assim como ganhou peso e aprendeu a lutar boxe para interpretar o lutador Jake La Motta, em Touro Indomável, que lhe garantiu o Oscar como melhor ator, e teve aulas de saxofone para atuar no drama musical New York New York. Três produções dirigidas por Martin Scorsese, com quem De Niro trabalharia também em Caminhos Perigosos, O Rei da Comédia, Os Bons Companheiros, Cabo do Medo e Cassino. Ainda, para viver o jovem Vito Corleone em O Poderoso Chefão II, de 1974, o ator aprendeu o dialeto siciliano, papel que lhe valeu o prêmio da Academia como coadjuvante.

Continuando na longa lista de sucessos, os dramas O Franco Atirador, de 78, um retrato da guerra do Vietnã com direção de Michael Cimino; Os Intocáveis, de 78, de Brian de Palma, em que Robert De Niro viveu o mafioso Al Capone, e Tempo de Despertar, 3 anos depois, em que interpretou o paciente de um hospital psiquiátrico Leonard Lowe, contracenando com Robin Williams. Em comédias, alguns destaques de De Niro estão nas produções Brazil - O Filme, de 85, Fuga à Meia Noite, de 88, que lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro, Máfia no Divã, de 99, e Entrando numa Fria, de 2000, além das continuações Entrando numa Fria Maior Ainda e Entrando numa fria maior ainda com a família, já em 2004 e 2010.

Em 1989 Robert De Niro criou sua própria produtora, a Tribeca Film Center, e quatro anos depois estreou como diretor com Desafio no Bronx. Nova experiência viria em 2006, quando dirigiu Matt Damon e Angelina Jolie no suspense O Bom Pastor, indicado ao Festival de Berlim. Robert De Niro continua vivendo em Nova York com a atual esposa, a atriz Grace Hightower, com quem tem 1 filho.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Programa Cinema e Som - A primeira noite de um homem

A Primeira Noite de um Homem, comédia romântica de 1967 protagonizada pelo então estreante Dustin Hoffman, trata da vida do jovem Benjamim Braddock que aos 21 anos retorna à casa dos pais após terminar a faculdade. Sentindo-se perdido entre desconhecidos e entre seus próprios sonhos, Ben Braddock inicia uma nova fase de sua vida em meio aos cuidados excessivos da família e à descoberta do amor.

Primeiro envolve-se com a esposa do amigo de seu pai, a experiente e sedutora Mrs. Robinson, vivida por Anne Brancroft. Um relacionamento aparentemente desejável por ambos, mas que acaba gerando problemas para o inocente Ben quando ele se apaixona pela filha da amante, a bela Elaine Robinson, interpretada por Katharine Ross. Inconformada com a aproximação entre os jovens, Mrs. Robinson tenta separá-los de diversas formas. Assim, caberá a Ben lutar por seu verdadeiro amor enfrentando todos os obstáculos, como a incompreensão dos pais e a resistência da própria amada.

A primeira noite de um homem é uma agradável comédia romântica que marcou a geração jovem da década de 1960 ao abordar temas como a descoberta da sexualidade e a figura da mulher moderna e independente, além de contar com canções da dupla norte americana Simon e Garfunkel que se tornariam grandes sucessos, como Sounds of Silence e Mrs. Robinson, tema homônimo da personagem de Anne Brancroft que se tornaria célebre na história do cinema. Premiado com o Oscar de melhor direção para Mike Nichols e melhor comédia pelo Globo de Ouro, dentre tantas outras conquistas, o filme também garantiu a Dustin Hoffman sua primeira indicação à Academia como melhor ator.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)




sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Programa Cinema e Som - Glauber Rocha


O baiano Glauber Rocha, nascido em Vitória da Conquista em 1939 e morto aos 42 anos, em 1981, no Rio de Janeiro, foi um dos mais marcantes cineastas brasileiros. Quando jovem, atuou em peças na escola, participou do movimento estudantil e aos 14 já realizava um programa diário sobre cinema em uma rádio de Salvador. Estudou Direito, mas abandonou a faculdade para se dedicar ao campo do jornalismo com foco no cinema.

Estreou seu primeiro longa, Barravento, com pouco mais de 20 anos, em 1962, depois de realizar diferentes curtas metragens. O trabalho abriu caminho para produções que se tornariam marcos do Cinema Novo no Brasil, movimento que representava uma nova forma de se fazer cinema, como retrato da realidade com fortes críticas sociais. Com Deus e o Diabo na Terra do Sol, em 1964, indicado a Palma de Ouro em Cannes, Glauber Rocha abordou o sertão nordestino, com suas fragilidades, cultura e crenças. 3 anos após, com Terra em Transe, no cenário da fictícia Eldorado, Glauber Rocha mostrou novamente a condição social brasileira. Desta vez um retrato da política através de situações como o populismo, o autoritarismo e a militância. Com o filme, Glauber Rocha alcançou a segunda indicação a Palma de Ouro, além de vencer o prêmio do Festival Internacional de Críticos de Cinema e o Festival de Locarno, na Suíça.

Finalmente, com O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, em 1969, Glauber Rocha conquistou o prêmio de melhor direção em Cannes. Neste, o personagem Antônio das Mortes, matador de aluguel presente em Deus e o Diabo na Terra do Sol, deveria combater um novo líder do cangaço. O filme valeu uma terceira indicação como melhor produção em Cannes.

Glauber Rocha ainda realizou outros longas como O Leão de Sete Cabeças, em 1970, Câncer, em 1972, e A Idade da Terra, em 1979, último trabalho do cineasta, baseado em poema de Castro Alves. Dentre os diversos curtas realizados, destaque para Maranhão 66, sobre a posse do então governador eleito do Estado, José Sarney, intercalado a imagens de mazelas da população maranhense, e Di Cavalcanti, de 77, documentário sobre o pintor, ilustrista e caricaturista falecido um ano antes. O filme venceu o Prêmio do Júri como melhor curta no Festival de Cannes, além de também indicado a Palma de Ouro.

Fosse gênio ou louco, considerado subversivo pela política conservadora, e tendo sido exilado em Cuba e na Europa durante muitos anos do regime militar, o que se sabe é que Glauber Rocha inovou a história do cinema e com sua criatividade e senso crítico marcou a arte não só no Brasil, mas em diferentes partes do mundo.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Programa Cinema e Som - A Doce Vida

A Doce Vida, clássico franco italiano do diretor Federico Fellini, passa-se em Roma e trata do jornalista de celebridades Marcello Rubini, personagem do italiano Marcello Mastroianni. Rubini é um jornalista que vive rodeado por colegas de profissão, belas mulheres e frequenta as mais diversas festas e badalações da rica e extravagante sociedade europeia. Em um de seus trabalhos conhece a bela e famosa atriz hollywoodiana Sylvia, personagem interpretada pela atriz sueca Anita Ekberg, por quem vive um de seus arrombos de paixão.

Uma das principais cenas do filme, em que durante a madrugada Sylvia se banha nas águas da Fontana de Trevi, assistida pelo fascinado jornalista, ficaria eternizada na história do cinema. Nos diferentes fragmentos de estória contidos em A Doce Vida, Rubini parece buscar um sentido para tudo, aparentemente insatisfeito com os relacionamentos vazios que mantêm com as amantes, os amigos e sua própria família. Por meio do jornalista, conhecemos a modernidade e sofisticação de Roma, mas também a arrogância e decadência de sua sociedade e a falta de limites de uma imprensa ávida por notícia, custe o que custar.

O drama A Doce Vida é considerado uma das referências da transição do neorrealismo italiano para um cinema mais simbólico, o que se tornaria uma das principais marcas do trabalho de Federico Fellini. O filme conquistou a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de melhor figurino em preto e branco, além de ter sido indicado à Academia aos prêmios de melhor direção, melhor roteiro original e melhor direção de arte, e ao BAFTA como melhor filme.

A trilha sonora do longa é composta pelo premiado músico italiano Nino Rota, que trabalhou com Fellini em diversas importantes produções como Abismo de um Sonho, de 1952, A Estrada da Vida, de 1954 e 8 ½ , de 1963. O músico foi responsável também pela trilha de outros clássicos como Romeu e Julieta, de Frank Zeffirelli, e O Poderoso Chefão e O Poderoso Chefão II, de Francis Ford Coppola.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Clássicos em cartaz

Importantes obras do cinema mundial exibidos no Cine Humberto Mauro
Já imaginou ter a oportunidade de rever grandes clássicos da sétima arte, dos mais variados gêneros, nacionalidades e épocas, em uma sala de cinema e com entrada franca? E ainda com a participação de especialistas ao final de cada sessão? É essa a proposta da Mostra de História Permanente do Cinema do Cine Humberto Mauro, localizado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Todas as quintas-feiras, a partir das 17h, obras decisivas do cinema são revisitadas nos telões e na sala escura. Sempre comentadas por pesquisadores, críticos e professores.

A Mostra, exibida no Palácio das Artes desde 2010 e programação rotineira de cinéfilos, foi inspirada em sessão de mesmo nome realizada pela Cinemateca Portuguesa. De acordo com o gerente de programação do Cine Humberto Mauro e também crítico e professor de cinema, Rafael Ciccarini, 32 anos, a participação de comentaristas, incluída a partir de agosto de 2011, tem o intuito de acrescentar valor ao projeto, adequando-se à política de formação do Cine Humberto Mauro. A ideia é que, uma vez terminado o filme, o público possa ouvir sobre ele e estender aquela experiência, com a possibilidade de relacionar informações ao que já foi dito em exibições anteriores. “O público que freqüenta a Mostra vai acumulando esse conhecimento e acaba, mesmo que lentamente, se formando na história do cinema”, destaca Rafael.


Crédito: Paulo Lacerda
Para o gerente de programação do Cine Humberto Mauro, Rafael Ciccarini, os comentários auxiliam na formação do público.

Riqueza pela diversidade

Os filmes presentes na Mostra não seguem uma linearidade de datas ou tendências, uma vez que não há a preocupação de se obedecer a um ordenamento, dada a reconhecida importância de todas as produções. Entre elas, obras realizadas até a década de 1980, norte americanas, brasileiras e europeias, dos gêneros drama, faroeste, terror e comédia, entre outros. Segundo Rafael Ciccarini, a proposta é exatamente demonstrar a riqueza e diversidade da história do cinema, destacando como ela é complexa e contraditória em si. Portanto, dificilmente passível de linearização. O gerente de programação explica ainda ser desnecessária a exibição sequenciada, pois pode transmitir ao público a ideia de que, uma vez perdida alguma sessão, não se torna mais possível assistir a outra: “Não há isso. A pessoa pode ir a um filme, faltar e voltar no outro. Ao mesmo tempo tenta-se achar elos, mesmo que esses se deem por contrariedades.”

Produções como o clássico do terror O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski, de 1968, e a animação Branca de Neve e os Sete Anões, de 1937, exibidos na Mostra, demonstram a diversidade do projeto e sua capacidade de atender diferentes espectadores. Além dos filmes individuais, a Mostra de História Permanente do Cinema exibe também sessões especiais que atraem grande atenção do público. Como exemplo, Rafael Ciccarini destaca a Trilogia do Silêncio com produções do cineasta sueco Ingmar Bergman exibidas em uma única quinta-feira durante o mês de setembro. Na ocasião, os filmes Através de um Espelho, de 1961, Luz de Inverno e O Silêncio, ambos de 1963, foram comentados pelo escritor e ensaísta Mário Alves Coutinho. Outra sessão exibida em outubro, com comentários do próprio Rafael Ciccarini, foi o especial O Jovem Kubrick, com filmes dirigidos e escritos pelo cineasta norte americano Stanley Kubrick na década de 1950: A Morte Passou Perto, O Grande Golpe, e Glória Feita de Sangue.

Sessões comentadas
A dinâmica dos comentários após as sessões busca distanciar-se do clichê, do lugar comum de análise dos filmes. Os comentaristas são escolhidos pelo interesse e conhecimento que possuem sobre a obra, tema ou diretor, e devem transmitir um pensamento original sobre o assunto. A proposta é falar de cinema, sobre a forma como o diretor aborda tal temática e o que o filme possui de transgressor em termos de linguagem cinematográfica, por exemplo. Um dos especialistas convidados da Mostra no mês de setembro foi o jornalista e crítico de cinema, Marcelo Miranda, 30 anos. Ele esteve presente durante a exibição de O Franco Atirador, produção de 1978 dirigida por Michael Cimino. Destacou aspectos técnicos, tendências do diretor e também estabeleceu paralelo com outras produções. Para Marcelo Miranda, dada a proposta do Cine Humberto Mauro de possibilitar ao público construir um conhecimento menos ditado pela indústria cinematográfica, a Mostra de História Permanente do Cinema é fundamental e muito coerente. “Ela viabiliza formadores de opinião, permite reflexão. O comentário após as sessões é essencial, porque compartilha experiência, o que torna a sessão ainda mais imperdível”, declara o crítico.

Ainda para o jornalista e professor de cinema Nísio Teixeira, 41 anos, também presente à Mostra para o comentário do filme norte americano Johnny Guitar, de 1954, a experiência foi muito válida. Para ele, “a iniciativa é muito boa porque ajuda a criar público e a envolver mais pessoas com o cinema”. Esse é, segundo Rafael Ciccarini, um dos principais objetivos das exibições. A tendência que se percebe é de pessoas que sempre retornam às sessões com novas percepções e questionamentos. “Quem gosta de cinema vai se fascinando, quer buscar mais. A pessoa sai de lá e vai assistir a obras citadas, atores e diretores, vai concordar, vai discordar. Isso é muito comum”, explica Rafael.

Um destes espectadores sempre presente à Mostra é o porteiro Salvador Pires, 60 anos. Para Salvador, que confessa preferir os filmes antigos por terem mais qualidade e expressão no cinema, como são os exibidos no Cine Humberto Mauro, os comentários após as sessões são uma grande oportunidade de aprendizado: “Aprendemos e vemos o filme com mais qualidade”, admite. De acordo com o crítico de cinema Jefferson Assunção, 23 anos, também frequente às sessões e responsável pelos comentários sobre o faroeste norte americano No Tempo das Diligências, de 1939, exibido em setembro, a iniciativa vale pela difusão dos filmes, além de fazer o público pensar e acrescentar conhecimento.

A Mostra de História Permanente é assim uma importante oportunidade a todos aqueles que apreciam a produção cinematográfica. Uma chance de rever obras consagradas no ambiente mais propício a este tipo de arte: a sala de cinema. Para fascinar-se e refletir.

Mostra História Permanente do Cinema
Dia e Horário: Todas as quintas-feiras, a partir das 17h
Local: Cine Humberto Mauro – Avenida Afonso Pena 1537 Centro – Belo Horizonte
Entrada gratuita com retirada dos ingressos 30 minutos antes das sessões
Informações: (31) 3236-7400 - Site: http://www.fcs.mg.gov.br/


Crédito: Rafaella Arruda
Com entrada franca, o Cine Humberto Mauro exibe todas as quintas-feiras grandes clássicos da 7ª arte.


Cine Humberto Mauro:
Inaugurado em outubro de 1978, o Cine Humberto Mauro dedica-se à formação de público através da promoção regular de mostras, festivais e lançamento de filmes, assim como de cursos de cinema, debates, palestras e seminários relacionados à produção cinematográfica mundial. Além das produções não exibidas no circuito comercial, o Cine Humberto Mauro sedia alguns dos principais festivais da cidade, como o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte, e recebe também exibições e itinerâncias de eventos como INDIE – Mostra de Cinema Mundial; e o CineEsquemaNovo – Festival de Cinema de Porto Alegre. Semanalmente, o Cine Humberto Mauro apresenta ainda dois programas de exibição de vídeos e curtas, o Cineclube Curta Circuito, promovido pela Associação Curta Minas, e a Mostravídeo Itaú Cultural, realizada pelo Instituto Itaú Cultural, ambos com entrada franca.

 Programação Novembro:
Dia 03/11 - A Embriaguez do Sucesso (1957, EUA) – Drama
Direção de Alexander Mackendrick
Comentário: Thiago Macedo

Dia 10/11 - O Pássaro das Plumas de Cristal (1969, Alemanha, Itália) – Suspense
Direção de Dario Argento
Comentário: Flávio Von Sperling

Dia 17/11 - Wheather Diary 1 (1986, EUA) – Documentário
Direção de George Kuchar
Comentário: Lucas Bambozzi


Por Rafaella Arruda

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Programa Cinema e Som - Sean Penn

Consagrado por interpretar personagens marcados pela emoção e sensibilidade, Sean Penn foi premiado duas vezes com o Oscar de melhor ator pelos dramas Sobre Meninos e Lobos, de 2003, e Milk – A Voz da Igualdade, de 2008. Nasceu em 1960 em Los Angeles, Califórnia, em uma família de artistas, e estreou na carreira na década de 1980 em aparições na TV.

No cinema, o primeiro filme foi o drama Toque de recolher, em 81. Durante as décadas seguintes esteve em produções como Caminhos Violentos, Pecados de Guerra, a comédia Não somos anjos, e o gangster de Brian de Palma, O Pagamento Final. Seu primeiro grande sucesso, em 1995, valeu uma indicação ao Oscar. Em Os Últimos Passos de um Homem, com direção de Tim Robbins, Sean Penn foi um assassino no corredor da morte em uma árdua luta para salvar sua vida. A interpretação rendeu ao ator o Urso de Prata no Festival de Berlim.

Muitos outros sucessos estiveram presentes na carreira de Penn: a comédia de Woody Allen, de 1999, Poucas e Boas, onde viveu um guitarrista de jazz dos anos 30 e pela qual recebeu sua segunda indicação ao Oscar; os dramas Loucos de Amor, de 97, quando conquistou Cannes por seu papel; e Uma Lição de Amor, em 2001, que valeu a terceira indicação do ator à Academia. Neste filme temos a estória de Sam, personagem de Sean Penn, um homem com deficiência mental que luta na justiça pelo direito de criar a filha de 7 anos, ensinando a todos o valor do amor e da família. Finalmente em 2003, com o forte Sobre Meninos e Lobos, o ator foi premiado com o Oscar. O drama de três homens que cresceram juntos e se separaram após um trauma de infância, dirigido por Clint Eastwood, também rendeu a Penn o Globo de Ouro.

Ainda em 2003, no impactante 21 Gramas, de Alejandro Iñarritu, Penn interpretou um professor universitário à beira da morte, papel que lhe garantiu premiação no Festival de Veneza. Em Milk – A voz da Igualdade, de 2008, Sean Penn conquistou seu segundo Oscar ao interpretar o político norte americano e ativista dos direitos gays Harvey Milk. Recentemente, o ator esteve em Árvore da Vida, de 2011, vencedor da Palma de Ouro em Cannes.

Como diretor, Penn realizou Unidos pelo Sangue e Acerto Final, nos quais assinou o roteiro, e A Promessa, de 2001. Dirigiu um dos episódios do documentário 11 de setembro, sobre as consequências do ataque de 2001 e também Na natureza Selvagem, de 2007, baseado na vida real de um aventureiro que abandonou o lar para viajar pelo Norte da América. Marcado pelo ativismo político e social, Sean Penn mobilizou-se publicamente contra a Guerra do Iraque, além de ter mantido contato com os presidentes de Cuba e Venezuela e prestado ajuda humanitária às vítimas do furacão Katrina e do terremoto de 2010 no Haiti.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Programa Cinema e Som - Amadeus

A produção norte americana Amadeus, de 1984, tem direção de Milos Forman e roteiro de Peter Shaffer adaptado a partir de sua própria peça teatral. Amadeus é uma estória de conflitos psicológicos ligada à conturbada biografia do gênio da música clássica Wolfgang Amadeus Mozart.

A vida e obra do músico austríaco são apresentadas ao público em flashblack, a partir da visão do compositor Antônio Salieri. Interpretado com brilhantismo por F. Murray Abraham, premiado pelo Oscar, Salieri é um homem de grande talento, que vê na música uma representação divina. Ao conhecer Mozart, personagem de Tom Hulce, Salieri passa a mesclar admiração e ódio, e a rever todos os seus conceitos. Descobre no jovem uma genialidade musical absurda, mas aliada a uma vida de desregramentos e promiscuidade. Inconformado, Salieri torna-se rival de Mozart e alimentado pela revolta e inveja envolve-se em uma trama sombria, capaz de destruir a vida de ambos.

Com figurino, maquiagem e direção de arte marcantes, o drama musical Amadeus é um retrato da sociedade européia do século XVIII, com seus hábitos e formalidades. O filme venceu 8 premiações no Oscar, entre elas melhor filme, melhor diretor, melhor direção de arte e melhor roteiro adaptado, além de mais quatro conquistas no Globo de Ouro.

A bela trilha sonora, largamente composta por Mozart, alterna trechos de óperas como Don Giovani, de 1787, O Rapto do Serralho, de 1782, sua última composição, de 1791, a missa fúnebre Réquiem em Ré Menor, e a Sinfonia nº 25 em sol menor, de 1773, trilha de abertura de Amadeus. Todas as canções interpretadas pela Academia Inglesa Saint Martin In The Fields. A trilha sonora do filme atingiu a posição 56 nas paradas da revista americana Billboard, tornando-se uma das mais populares gravações clássicas de todos os tempos.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)


domingo, 9 de outubro de 2011

Os Intocáveis


É sempre maravilhoso descobrir uma obra prima. Mesmo com 24 anos de atraso... Os Intocáveis, produção de 1987 de Brian de Palma, salta aos olhos e aos ouvidos já nos créditos iniciais. A trilha forte de Ennio Morricone, aliada ao movimento das palavras encobertas por sombras, revela a atmosfera de ação e suspense a que estaremos submetidos nas próximas duas horas de projeção. Noção também da criatividade do uso da câmera e do destaque daqueles considerados “intocáveis” a partir do afastamento do título.

O contexto que temos é a Chicago durante os anos 1930, período da lei seca que consistia em proibir a fabricação, venda e consumo de bebidas alcoólicas em todo os Estados Unidos. Como resultado, um alto índice de ilegalidade e violência lideradas por mafiosos. Um de seus principais representantes, o ítaloamericano Al Capone, vivido magistralmente por Robert de Niro, nos é apresentado em um amplo plongée de forma a dar conta de sua influência e poder diante de seus subordinados. Como “os intocáveis”, quatro figuras ocasionalmente unidas pela busca da justiça. Em Elliot, personagem de Kevin Costner, temos o marido e pai amoroso, designado como agente especial do Tesouro para conter Al Capone e combater a criminalidade na cidade de Chicago. À determinação e sentimentalismo de Elliot complementam-se a experiência, força e bom humor de Malone, ex-policial vivido por Sean Connery; a prática e agilidade de Stone, personagem de Andy Garcia; e a boa vontade e talento para os números de Oscar, intocável interpretado por Charles Martin Smith. Cada um deles com papel essencial na narrativa.

Percebemos em Os Intocáveis uma bela condução a distinguir imponência e simplicidade, crime e justiça, crueldade e honestidade. A suntuosidade em referência a Al Capone revela-se em tudo, sempre destacada pelos planos, ângulos, movimentos de câmera e cores fortes. São panorâmicas, plongées e contraplongées, além de planos gerais a dar conta da dimensão do ambiente. Na fotografia, o vermelho e preto a destacar força e poder. Em contraste, o lado ameno e intimista dos intocáveis em seus tons bege e amarelado, frequentemente focados em planos mais fechados. Em uma transição que reflete bem a diferença entre os dois mundos, temos a confraternização entre os intocáveis à mesa e a foto que registra a união e companheirismo do grupo. Assemelham-se no propósito, humor e postura uns diante dos outros. Na sequência, em outro cenário, temos Capone, também à mesa. Mas ele não se iguala. De pé, é maior que todos os outros sentados, à escuta. A rigidez de sua atitude, em um desfecho trágico e sangrento, é a quebra da serenidade expressa pelos intocáveis. Entendemos do que Capone é realmente capaz. E torna-se impossível não temer e ansiar pelo que restará do embate entre os personagens.

Repleto de cenas que permanecem na memória, Os Intocáveis possui uma trama muito bem amarrada. As peças são encaixadas sem que nada se perca, de forma a que tudo na narrativa faça sentido. Como na descoberta e perseguição ao contador de Al Capone a envolver todos os personagens em seus momentos mais tensos e decisivos. A cadeia dos Intocáveis, mais uma vez a simbolizar a sintonia do grupo, desenrola-se surpreendentemente... Oscar, Malone, Stone e Elliot. Cada um tendo que se sacrificar e extrair o melhor de si para alcançar o objetivo do grupo. Nem que para isso tenham que entregar a própria vida.

O esforço e agonia de Malone durante sua perseguição, por exemplo, ironicamente intercalada à fisionomia satisfeita de Capone em um espetáculo de ópera, são impulsos que conduzem Elliot e Stone a uma das sequências mais surpreendentes de todo o filme. Na escadaria do metrô, referência direta ao clássico O Encouraçado Potemkin, de Eisenstein, elementos como a mistura de trilhas e o slow motion, além de diálogos rápidos e um jogo intenso de olhares, dão um tom de ação e expectativa do início ao fim. Da mesma maneira, o embate de Elliot com o principal capataz de Al Capone só justifica-se por um detalhe, além de ter um desfecho diretamente ligado não apenas à sua personalidade digna, mas altamente determinada.

Os Intocáveis são, assim, um filme de detalhes. Rico em narrativa, técnica e interpretação. E mais especialmente, retrato de um submundo poderoso e cruel, mas não imbatível diante do anseio pela justiça.

Por Rafaella Arruda

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Programa Cinema e Som - Entrevista com Leo Cunha

Confira o programa Cinema e Som com o crítico, professor e doutor em cinema Leo Cunha.


Jornalista e mestre em ciência da informação, o mineiro nascido em Bocaiúva é também escritor de livros infanto juvenis e crônicas, além de colunista da revista eletrônica de cinema Filmes Polvo.
Leo Cunha nos conta sobre sua experiência pessoal e profissional no campo da sétima arte e destaca sua preferência pelo gênero da comédia.
Por Rafaella Arruda.
(Programa Cinema e Som - ELOFM)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Programa Cinema e Som - Tim Burton

Cineasta norte americano Tim Burton, nascido na Califórnia em 1958. Conhecido pelo estilo gótico, estórias fantásticas e nada convencionais, repletas de cores ou de um preto e branco sombrio, e por seus personagens estranhos, seja na comédia, no drama, ou no terror, com pés na realidade e na ficção, como em Edward mãos de Tesoura, Alice no país das maravilhas e A Lenda do Cavalheiro Sem Cabeça.

Tim Burton iniciou sua arte ainda criança, através de desenhos. Estudou no Instituto de Arte da Califórnia e trabalhou como animador da Disney. Alguns de seus primeiros trabalhos foram as animações O Cão e a Raposa, em 1981; os curtas de 1982, Vincent sobre um garoto que queria ser como o ator Vincent Price, astro de filmes de terror e ídolo de Burton; e Frankweenie, ficção considerada imprópria para crianças sobre um menino que ressuscita o próprio cão. Com o talento já reconhecido, foi convidado para dirigir seu primeiro longa: a comédia As grandes aventuras de Pee-wee, em 1985.

Três anos depois, o cineasta dirigiu outro do mesmo gênero, Os fantasmas se divertem. Em 89, com produção da Warner Bros, Tim Burton dirigiu aquele que seria o primeiro de uma série de filmes sobre o famoso personagem dos quadrinhos: Batman, com Michael Keaton e Jack Nicholson. A continuação do filme viria 3 anos depois com Batman - O Retorno. Em 1990, Edward, Mãos de Tesoura, com estória e direção de Burton, refletiu o lado mais criativo do cineasta. Em sua primeira parceria com o ator Johnny Depp, Burton trata da vida de um rapaz solitário e ingênuo, criado em laboratório, que tem tesouras no lugar das mãos. Ao ser descoberto pela vizinhança e apaixonar-se por uma garota, sofre as dificuldades de ser tão diferente.

Em 1993 Burton produziu O Estranho Mundo de Jack e novamente com Johnny Depp, em 1994, dirigiu Ed Wood, baseado na vida do pior diretor de cinema de todos os tempos! O filme venceu o Oscar de maquiagem e ator para Marthy Landau, além de ser indicado ao prêmio de direção em Cannes. Com Marte Ataca! em 96, uma comédia sobre excêntricos marcianos que invadem a Terra, Burton dirigiu atores como Glenn Close, Jack Nicholson e Pierce Brosnan.

Com Johnny Depp, o cineasta trabalharia em mais cinco filmes: o terror A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, de 1999; o remake de um clássico dos anos 70, A Fantástica Fábrica de Chocolate, de 2005, indicado a melhor filme pelo BAFTA; a animação A Noiva Cadáver, também de 2005, indicada ao Oscar de melhor animação; o sangrento suspense musical Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, em 2007, melhor direção de arte no Oscar e indicado a melhor diretor no Globo de Ouro; e o mais recente Alice no País das Maravilhas de 2010, da Disney.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)





sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Programa Cinema e Som - Central do Brasil


Central do Brasil, premiada produção nacional de 1998. Com direção e estória de Walter Salles, e roteiro de Marcos Bernstein e João Emanuel Carneiro. No elenco, a protagonista Fernanda Montenegro e o garoto estreante nas telas Vinícius de Oliveira, além de Marília Pêra, Othon Bastos, Matheus Nachtergaele e Caio Junqueira, entre outros.

A emocionante estória conta sobre Dora, mulher desiludida que ganha a vida escrevendo e endereçando cartas para analfabetos que transitam pela tumultuada Estação “Central do Brasil”, no Rio de Janeiro. Dentre os muitos que utilizam seu serviço está Ana e seu filho Josué, de apenas nove anos, que sonha encontrar o pai que nunca conheceu através das cartas. Após perder a mãe em um atropelamento, o garoto Josué, abandonado, passa a ser ajudado por Dora.

Juntos, viajarão pelo interior nordestino em busca do pai desconhecido. Uma espécie de road-movie que nos apresenta a dura realidade de trabalhadores e imigrantes brasileiros com o sonho de melhorar de vida e manter os laços com aqueles que amam. Ao se conhecerem melhor, Dora e Josué se aproximam e criam fortes laços de confiança e amizade.

Central do Brasil recebeu diversas indicações e premiações dentro e fora do Brasil. Garantiu a Fernanda Montenegro a indicação ao Oscar como melhor atriz, o que a consagrou como a primeira atriz latino americana nomeada ao prêmio. O drama foi também indicado como melhor filme em língua estrangeira pela Academia, título conquistado no BAFTA e Globo de Ouro. Venceu ainda três prêmios no Festival de Berlim, um dos principais festivais europeus de cinema: Urso de Ouro, Urso de Prata para Fernanda Montenegro e prêmio do Júri Ecumênico. O roteiro original consagrou-se como o melhor da categoria no Sundance Film Festival.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Lanterna Verde


Nunca fui muito fã de filmes de fantasia, ficção científica ou sobre super heróis. Já assisti a alguns, e até muito bons, mas nunca foram meus preferidos. E mesmo reconhecendo não possuir uma boa base comparativa para perceber esse tipo de produção, ou talvez por isso mesmo, admito que Lanterna Verde foi uma agradável surpresa.

O filme trata de um grupo de guardiões intergalácticos, ou lanternas verdes, que se une pelo poder de um anel para proteger o Universo. É a ele e ao planeta Oa, refúgio dos lanternas, que somos apresentados logo no início. Muitas cores, belíssimos efeitos especiais, de maquiagem (os traços peculiares no rosto de cada um dos guardiões é magnífico) e cortes rápidos que imprimem ritmo veloz ao filme. Entendemos que os guardiões, longe de serem sujeitos simpáticos e sentimentais, assumem uma importante tarefa de manutenção do mundo e enfrentam momentos críticos na luta contra vilões que, pelo poder amarelo do medo, querem dominar o Universo. Na Terra, ainda sem um representante dos lanternas verdes, Hal Jordan, interpretado por Ryan Reynolds, é designado para assumir a missão. Um rapaz simpático, tanto quanto irresponsável, apaixonado por aviões e marcado pela morte trágica do pai durante um teste de pilotagem.

A realidade sobre-humana dos lanternas e a realidade humana de Hal se cruzam a partir da queda na Terra de um dos heróis verdes ferido pelo ataque do grande inimigo Parallax. Levado por acaso ao local do acidente, Hal recebe do agonizante Abin Sur seu anel e a tarefa de assumir a proteção da Terra junto aos outros intergalácticos. Através do anel, Hal adquire força e superpoderes de criação de qualquer objeto a partir do pensamento. Assim, junto aos humanos e aos demais guardiões, Hal Jordan descobrirá a importância e dificuldades de sua missão e assumirá a identidade de um super herói.

Do lado humano, em uma maneira inteligente de integrar o vilão sobrenatural ao mundo tangível de Hal, descobrimos a personificação do mal no cientista Doutor Hector. Contaminado pelo sangue do vilão Parallax ao examinar o corpo já sem vida do extraterreno Abin Sur, Doutor Hector adquire nova personalidade e uma fisionomia que se torna gradualmente bizarra: o cérebro avantajado, as veias sobressalentes e olhos amarelados. Em uma brilhante atuação de Peter Sargaad como o pobre cientista que se torna vilão por acaso, percebemos uma frustração e revolta oriundas de seu lado são, aliadas ao ódio e desejo de dominação inerentes a Parallax. O foco nos olhos amarelos de Hector antes de suas reações violentas tem significativo impacto visual, como na sequência do laboratório em que ele se desvencilha daqueles que tentam controlá-lo. Em suas aparições, o não propriamente vilão Doutor Hector rouba as cenas com sua figura esquisita e atitude vigorosa diante do comportado e previsível Hal Jordan. Talvez seja por isso que a aparente solução final de seu personagem tenha causado em mim estranheza e certa frustração.

Apesar da trama amarrada de forma simples entre bons e maus, derrota e superação, algumas situações que poderiam render bons frutos para a estória perdem-se ao longo da narrativa. Além da relação de Hal Jordan com seu pai e sobrinho, destacada no início do filme e esquecida posteriormente, é frágil a própria interação do espectador com o Universo dos lanternas verdes.

Torna-se clara (seria proposital?) a falta de preocupação do diretor Martin Campbell em criar uma afinidade entre nós e os habitantes do planeta OA. A apresentação quase sempre superficial do ambiente e a falta de sintonia entre os lanternas, alguns extremamente frios, caricatos e conservadores, como Sinestro, são um convite automático a restringirmos nossa torcida a Hal, e ainda assim, apenas no momento em que a Terra encontra-se em perigo, jamais antes disso. Assim, a dimensão universal da causa dos lanternas verdes perde força ao longo da estória. Não envolve... Por outro lado, os questionamentos acerca do poder da vontade diante do medo transcendem a esfera dos lanternas e alcançam os dilemas humanos. Ao se dar conta disso é que Hal Jordan enfrenta as próprias limitações e reconhece a força de sua coragem. De fato, algo imprescindível para a sobrevivência de qualquer super herói.

Por Rafaella Arruda

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Programa Cinema e Som - Audrey Hepburn

Audrey Hepburn, ícone do cinema, conhecida por sua beleza e elegância e pelos papéis como jovem divertida e delicada, quase sempre ao lado de homens mais velhos. Nascida na Bélgica, em 1929, Audrey morou também na Inglaterra, Itália, Suíça e Holanda, onde viveu momentos difíceis ainda criança, ao lado da mãe, durante ocupação nazista na 2ª Guerra Mundial. Antes de estrear nas telas, estudou ballet, foi corista e modelo fotográfica.

Participou de pequenos filmes na Inglaterra antes de mudar-se para os Estados Unidos, quando interpretou a personagem Gigi, em peça homônima da Broadway. Seu primeiro filme norte americano foi A Princesa e o Plebeu, de 1953. Logo na estreia, como a Princesa Ann, Audrey encantou o público e conquistou o Oscar, Globo de Ouro e BAFTA como melhor atriz. Um ano depois, pela atuação na comédia romântica Sabrina, com direção de Billy Wilder, Audrey recebeu nova indicação ao Oscar como melhor atriz.

Esteve ainda em Guerra e Paz, de 1956, épico baseado na obra homônima de Tolstói, no musical Cinderela em Paris, de 1957, onde atuou com Fred Astaire, e também em outra comédia romântica de Billy Wilder, Amor na Tarde. Nos anos seguintes, Audrey Hepburn viveu outros dois importantes papéis que lhe valeram indicação à academia. No drama Uma Cruz a Beira do Abismo, de 1959, foi a jovem Irmã Gabrielle, e na comédia romântica Bonequinha de Luxo, em 1961, interpretou a prostituta de luxo Holly Golightly, um dos principais personagens de sua carreira.

Ainda na lista de sucessos, a comédia romântica Quando Paris Alucina, de 1964, onde viveu a divertida datilógrafa Gabrielle Simpson; My Fair Lady, também de 64, em que foi uma humilde vendedora de flores; e Um Clarão nas Trevas, de 1967, suspense que valeu a Audrey mais uma indicação ao Oscar por seu papel como uma mulher cega perseguida por bandidos.

Após afastar-se das telas por quase 10 anos, Audrey retornou em 1976 com Robin e Marian, atuando ao lado de Sean Connery e trabalhou também no suspense A Herdeira, em 79, baseado na obra de Sidney Sheldon. Em sua última aparição no cinema, em 1989, fez uma participação especial no drama Além da eternidade.

Audrey Hepburn tornou-se embaixatriz da UNICEF no ano de 1987. Realizou missões internacionais pela instituição e promoveu eventos pelas crianças na África e América Latina. Papel que assumiu até sua morte, em 1993, devido a um câncer de apêndice. Além dos prêmios já citados, Audrey recebeu outras oito indicações pelo Globo de Ouro; por papéis dramáticos, em comédia e musicais. Ganhou em 1990 o prêmio Cecil B. De Mille, pelo conjunto da obra e o Oscar póstumo em 1993, pelo trabalho na UNICEF.


Por Rafaella Arruda
(Programa Cinema e Som - ELOFM)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Programa Cinema e Som - Apocalypse Now


Clássico norte-americano de 1979 com direção e produção de Francis Ford Coppola: Apocalypse Now, um retrato da Guerra do Vietnã, com todos os seus extremos. No filme, o conflito que durou cerca de 15 anos serve de cenário para uma perigosa missão secreta envolvendo o veterano do exército americano Capitão Willard, vivido por Martin Sheen.

Willard é designado pelo alto escalão das forças militares a partir para o Camboja em um barco patrulha, na companhia de mais quatro soldados. Lá chegando, deve encontrar e matar o ex-oficial das forças especiais americanas, Coronel Walter Kurtz. Kurtz, personagem de Marlon Brando, é considerado um militar renegado, rebelde e insano que passou a viver no interior de uma tribo no país asiático e a liderar os nativos como um verdadeiro Deus, incentivando adoração e rituais de morte.

Enquanto sobe o rio em direção ao Camboja e examina inúmeros documentos a respeito de Kurtz, Willard e seus soldados presenciam e enfrentam os horrores da guerra. Conhecem o destemido Coronel Bill Killgore, interpretado por Robert Duvall, e seus cruéis métodos de guerra. É dele a ordem para o bombardeio aéreo de napalm em uma aldeia de vietconges. Em uma cena de arrepiar, embalada pela ópera Cavalgada das Valquírias, que ouvimos ao fundo, presenciamos a tentativa de fuga e morte de dezenas de nativos sob o ataque da substância mortal acompanhada da emblemática frase do Coronel: “Adoro o cheiro de napalm pela manhã. Tem cheiro de vitória."

Willard acompanha ainda a perda de sanidade de um dos companheiro e a morte de tantos outros. Assim, vivencia os absurdos da guerra muito antes de alcançar o alvo, o que talvez possa lhe garantir a força e coragem necessárias para cumprir a tão temida e aguardada missão.

Com roteiro de Coppola e John Millus, baseado no romance Heart of Darkness de Joseph Conrad, Apocalypse Now acumula premiações e indicações. Entre as mais aclamadas, o Oscar de melhor fotografia e som, a Palma de Ouro em Cannes, e o Globo de Ouro de melhor direção, ator coadjuvante para Robert Duvall e roteiro adaptado. Considerado pelo crítico Roger Ebert como um dos melhores filmes de guerra já realizados e escolhido pelo American Film Institute como o 30º melhor filme de todos os tempos, Apocalypse Now foi todo gravado nas Filipinas, no período de 16 meses. No ano de 2001, o filme foi lançado em uma segunda versão, com o nome Apocalypse Now Redux, e ganhou mais 60 minutos de projeção.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Homem do Futuro


Quem nunca teve vontade de fazer uma viagem ao passado e modificar algo que já aconteceu? Quem nunca sentiu saudades de um tempo em que era mais jovem, desejou reviver uma sensação boa, e percebeu que se fosse agora, poderia ter feito tudo diferente? O Homem do Futuro trata de maneira agradável e bem humorada esta relação do indivíduo com seu passado, presente e futuro. As emoções características de cada tempo e o peso de nossas decisões na definição do que somos hoje.

O filme conta a história do cientista Zero, personagem de Wagner Moura. Um homem frustrado e de poucos amigos que sofreu na juventude a maior decepção de sua vida: ter sido humilhado pela mulher amada Helena, vivida por Alinne Moraes, diante de uma multidão de colegas durante o baile de faculdade. Apesar do talento na profissão, Zero é um adulto triste que transparece na falta de vaidade e de simpatia com o mundo a revolta carregada por mais de 20 anos. Em todos os momentos de sua vida, apenas o pensamento em Helena.

Ao testar seu novo experimento, uma máquina capaz de gerar uma fonte alternativa de energia para o planeta, Zero é inesperadamente transportado para outro tempo. Em uma interessante sequência em que percebe aos poucos a diferença entre o mundo em que vive e aquele no qual se encontra, Zero compreende ter voltado ao passado. Ao invés de uma nova energia, havia criado um instrumento capaz de levá-lo onde se encontrasse sua mente. Agora, em 22 de novembro de 1991, data da humilhação que transformara para sempre sua vida, inclusive seu próprio nome, Zero terá a oportunidade de reviver o “passado”, transformá-lo e criar definitivamente um novo futuro. Aos poucos, porém, percebe que alterar um tempo já vivido não é algo tão simples. Do contrário, modificá-lo pode tornar as coisas ainda mais difíceis e confusas.

Com narrativa desenrolada de forma simples e objetiva através de fragmentos de tempo, a comédia romântica O Homem do Futuro possibilita uma fácil identificação com o espectador, seja pela temática próxima aos nossos anseios, pela simpatia que nos imprime os personagens ou mesmo pela divertida viagem ao passado. Aos jovens da geração anos 80 e 90, representa um retorno à adolescência entre roupas, música, gírias e estilo, ainda que essencialmente confinado às ocorrências de um baile de faculdade. A canção “Tempo Perdido”, sobre a valorização do presente em contraponto ao tempo passado, é inteligentemente incluída na trama. Cantada pelo casal Helena e João (antes de tornar-se Zero) em um momento chave, é repetida em diferentes contextos no desenrolar do filme, e por isso assume significados e sensações distintas. Ora como trilha de uma feliz recordação, ora como prenúncio de uma tragédia anunciada.

Em toda a miscelânea do ontem, hoje e amanhã, a brilhante presença de Wagner Moura imprime uma identificação perfeita com cada distinto momento de seu personagem. Como o tímido e romântico João, que reflete na gagueira toda a insegurança da juventude, temos a alegria e inocência diante da descoberta do amor. Duas décadas após, com o pseudônimo Zero, a expressão frustrada beirando a insanidade. E também em outro retrato do que poderia ter sido, o estereótipo do homem sem escrúpulos e bem sucedido. Em todos os caminhos, a presença de Helena a definir seu destino. É por ela que Zero corre contra o tempo, conhece mais de si mesmo e luta para desfazer um infeliz engano que ganha diferentes proporções à medida que avançamos na narrativa.

Com diálogos inteligentes, ironicamente relacionados à política, ao avanço tecnológico e a aparecimento de celebridades, o filme traz ainda interessantes efeitos especiais ligados ao funcionamento da máquina do tempo e sua capacidade de desintegrar o homem no espaço, mesmo que falhe em deixar claro o determinante deste “aparecer e desaparecer” ao longo da estória.

Finalmente, assistir a O Homem do Futuro é ter a sensação de que somos hoje exatamente o que deveríamos ser. E que sem amarras, sem medo, sem nostalgia, temos plena condição de modificar o que vem pela frente... Afinal de contas, não necessitamos de uma máquina do tempo para perceber que se as coisas são hoje tão complicadas, por vezes é por nossa falta de esforço de apenas querer torná-las mais simples.

Por Rafaella Arruda

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Programa Cinema e Som - Fernando Meirelles

Fernando Meirelles, cineasta brasileiro, nascido em São Paulo, em 1955, e reconhecido internacionalmente por filmes como Cidade de Deus, O Jardineiro Fiel e Ensaio sobre a Cegueira. Diretor, roteirista e produtor, interessou-se desde jovem pela arte de fazer filmes e aos 12 anos já possuía uma câmera de filmar de presente dado pelos pais.

Como estudante de arquitetura, Meirelles conciliou os estudos com a produção de vídeos experimentais e criou com um grupo de amigos a produtora de filmes independentes, Olhar Eletrônico, transformada na década de 1990 na atuante O2. No cinema, o primeiro longa dirigido por Fernando Meirelles foi Menino Maluquinho 2: A aventura, no ano de 1998. A comédia Domésticas, de 2001, com roteiro e direção de Meirelles, e que trata da vida de cinco domésticas da cidade de São Paulo, valeu ao cineasta duas indicações ao Grande Prêmio Brasil de Cinema, em ambas as categorias.

Mas foi em 2002, com o drama Cidade de Deus, que Fernando Meirelles conquistou reconhecimento nacional e internacional. Com roteiro de Bráulio Mantovani, baseado na obra de Paulo Lins sobre a vida de jovens e a criminalidade no Rio de Janeiro, Cidade de Deus recebeu quatro indicações ao Oscar como melhor filme, edição e roteiro, além de direção a cargo de Meirelles. Categoria conquistada pelo cineasta no prêmio Brasil de Cinema.

Ainda na carreira de Meirelles, duas importantes produções em língua estrangeira. O Jardineiro Fiel, de 2005, e Ensaio sobre a Cegueira, de 2008. No primeiro, um romance homônimo de John le Carre, Meirelles recebeu indicação ao prêmio de melhor diretor no Globo de Ouro. Ensaio sobre a cegueira, também romance homônimo, escrito pelo poeta português José Saramago em 1995, contou no elenco com importantes nomes do cinema internacional como Julianne Moore, Mark Ruffalo e Gael Garcia Bernal. O filme trata de uma epidemia de cegueira que atinge uma cidade e segundo Fernando Meirelles, é antes de tudo uma obra sobre a natureza humana e sua dificuldade de adaptação diante do inesperado. O drama foi indicado a Palma de Ouro em Cannes e abriu a edição do Festival, em 2008.

Fernando Meirelles foi ainda produtor, diretor e roteirista de Som e Fúria – O filme, de 2009, sobre as dificuldades de um pequeno grupo de teatro em adaptar uma peça de Shakespeare, e produtor de Lixo Extraordinário, de 2010. O documentário, indicado ao Oscar em 2011, acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro.

Por Rafaella Arruda

(Programa Cinema e Som - ELOFM)


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Scarface - Novo trailer



O clássico de Brian de Palma, de 1983, será lançado brevemente em Blue Ray.

Programa Cinema e Som - O Fabuloso Destino de Amélie Poulan

O Fabuloso Destino de Amelie Poulan, coprodução franco alemã de 2001. A comédia romântica, com doses de drama e fantasia, tem direção de Jean Pierre Jeunet, cineasta conhecido por criar universos fantásticos e dar grande importância aos acasos da vida real.

Com roteiro original de Jeunet e Guillaume Laurant premiado pelo BAFTA, o filme retrata a vida de uma Paris contemporânea pelos olhos de Amélie. Uma garota ingênua, com imaginação fértil, que mesmo mergulhada em sua própria solidão decide ajudar todos a sua volta. Interpretada pela francesa Audrey Tatou, que se tornou mundialmente conhecida após o papel, Amélie Poulan chega à vida adulta após uma infância confusa ao lado de pais neuróticos que não a permitiam ir à escola ou mesmo conviver com outras crianças.

Depois de abandonar a vida com a família, a jovem passa a trabalhar como garçonete. Certo dia, após encontrar uma caixa escondida no banheiro de sua casa, pertencente ao antigo morador, decide devolver o objeto ao dono. Surpreendida com a reação emocionada do senhor diante da lembrança, a moça transforma sua visão de mundo. Torna-se assim, através de pequenos gestos, uma espécie de heroína, cuja função é ajudar as pessoas ao seu redor. Para isso, planeja esquemas complexos e secretos, e nessa nova empreitada, acaba descobrindo o amor.

O Fabuloso Destino de Amelie Poulan, sucesso de crítica e bilheteria, transmite a sensação de que é possível encontrar a felicidade nos pequenos detalhes da vida. Indicado ao Oscar em cinco categorias, sendo direção de arte, fotografia, filme em língua estrangeira, melhor roteiro original e melhor som, o filme recebeu ainda outros 51 prêmios e 46 indicações ao redor do mundo, além de ter sagrado-se melhor filme pelo European Film Awards. Destaque também à fotografia da obra, que valoriza as cenas através da iluminação e sobreposição de cores.

A trilha sonora do filme é toda composta pelo músico francês Yann Tiersen, que ganhou fama mundial após Amelie Poulan. Além das canções criadas especialmente para o filme, outras foram lançadas em álbuns anteriores de Yann, como A Quai, parte do 3º álbum do músico de 2000. As 20 canções que fazem parte da trilha de Amelie Poulan, com sonoridade peculiar, oferecem um clima lúdico e fantástico que se adapta à temática do filme. Assim, a união trilha e história torna-se inspiração não somente aos personagens, mas também ao público.

Por Rafaella Arruda
(Programa Cinema e Som - ELOFM)


Programa Cinema e Som - Acossado

Acossado, produção francesa de 1960 e longa metragem de estreia do cineasta Jean Luc Goddard. O filme é um dos expoentes da nouvelle vague, movimento da década de 1960 que inovou a forma de se fazer cinema em contraponto à tradição cinematográfica hollywoodiana e da própria França.

Filmado em preto e branco, com roteiro de Goddard baseado em história do também cineasta francês François Truffaut, Acossado acompanha os personagens Michel Poiccard e Patricia Franchisi. Após roubar um veículo e matar um policial, Michel, vivido por Jean Paul Belmondo, passa a ser perseguido pela polícia e por isso, precisa se manter escondido. Ao lado da jovem americana Patrícia, personagem de Jean Seberg, o aventureiro cometerá outros delitos, ao mesmo tempo em que viverá um romance incomum, sempre na tentativa de conquistá-la e convencê-la a partir com ele para a Itália.

O longa traz às telas uma direção inovadora. Alguns exemplos são a montagem com cortes em momentos inesperados, que dão a sensação de descontinuidade; a fala de Michel em direção ao espectador; e as tomadas demoradas de Patrícia em close enquanto ouvimos a voz do parceiro Michel, fora de quadro. O filme ainda faz menção ao cinema americano, como nos momentos em que Michel passa o dedo nos lábios em referência ao ator Humprey Bogard.

Michel e Patricia são personagens que fogem do estilo conservador. Ele, constantemente envolvido em trapaças, parece não se preocupar muito com as consequências de seus atos. Ela, aspirante à carreira de jornalista e vendedora de rua do New York Herald Tribune, inova na aparência e atitudes. Usa cabelos curtos, dispensa o uso de sutiã e admite já ter se relacionado com sete homens diferentes. Desta maneira, em relação aos seus antecessores no cinema, Acossado inova não apenas na técnica, mas na temática ousada quanto a comportamento e postura diante da vida, como nas indagações sobre a morte, a tristeza e o nada.

O filme, vencedor do prêmio Urso de Prata em Berlim, foi indicado também ao Urso de Ouro e ao BAFTA de melhor filme estrangeiro. Em 1983, Acossado ganhou uma refilmagem nos Estados Unidos com o título A força do amor, estrelado por Richard Gere.

Por Rafaella Arruda
(Programa Cinema e Som - ELOFM)


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Homenagem a Robert de Niro

Tributo a um dos maiores atores da história do cinema...


Inigualável...

Programa Cinema e Som - Al Pacino


 Al Pacino é um dos grandes nomes do cinema mundial que marcou a geração de atores da década de 1970 e que, ainda hoje, permanece como um dos ícones da 7ª arte. De descendência italiana, nascido no Bronx, em Nova York, no ano de 1940, teve a carreira marcada por personagens que se tornariam clássicos. Entre eles, Michael Corleone, na trilogia O Poderoso Chefão, o policial Serpico no drama homônimo de 1973 e Tony Montana, um cubano que se tornou milionário com o tráfico de drogas em Scarface, de 1983. Todos marcados por forte personalidade, senso moral e ímpetos à violência.

Ainda jovem, Alfredo James Pacino tinha o costume de ir aos cinemas e depois imitar as vozes e frases dos atores que gostava. Participou de peças na escola, estudou teatro, e em 1966 ingressou na famosa escola de interpretação Actors Studio. Sua estreia no cinema foi em 1969 com Me, Natalie, três anos antes da grande oportunidade de sua carreira, quando foi escolhido pelo cineasta Francis Ford Coppola para viver Michael Corleone no clássico sobre a máfia italiana nos Estados Unidos, O Poderoso Chefão. O filme, inspirado no livro de Mario Puzo sobre a história da família Corleone, revelou o ainda pouco conhecido Al Pacino ao público e rendeu a ele sua primeira indicação ao Oscar como ator coadjuvante.

Na sequência, as atuações em Serpico, O Poderoso Chefão II e Um dia de cão, este sobre um trágico assalto real ocorrido em um banco, renderiam a Al Pacino três indicações consecutivas ao Oscar como melhor ator. Em 1979, outra indicação à categoria pela atuação em Justiça para Todos. Em Scarface, filme de 1983 considerado pelo próprio Al Pacino como o mais popular de sua carreira, a indicação foi ao Globo de Ouro.

Afastado das telas por 4 anos, após o fracasso de crítica e de bilheteria de Revolução, de 1985, o ator resolveu dedicar-se novamente ao teatro. Retornou às telas no fim dos anos 80 com Vítimas de uma paixão e O Poderoso Chefão III. Recebeu mais duas indicações ao Oscar como coadjuvante, pela comédia Dick Tracy, de 1990, e ao viver um corretor de imóveis em O Sucesso a qualquer preço, de 1992. Em 1993, como Frank Slade, em Perfume de Mulher, Al Pacino finalmente foi agraciado com o prêmio da Academia e também Globo de Ouro. No drama, é um
ex-militar cego em viagem a Nova York que tem como acompanhante o jovem Charlie, vivido por Chris O'Donnell.

Ainda na década de 90 e 2000, Al Pacino estrelaria filmes como
Pagamento Final, Fogo contra fogo em que atuou ao lado de Robert de Niro, Advogado do Diabo, O informante, O Mercador de Veneza, uma adaptação de Shakespeare para as telas, e Angels in America, premiada minissérie de TV norte americana.

Por Rafaella Arruda
(Programa Cinema e Som - ELOFM)